domingo, 10 de fevereiro de 2013

Obesidade x genética x fatores ambientais



A obesidade tem sido estudada relacionando-se fatores ambientais, pscicológicos e genéticos. Os adolescentes, especialmente do sexo feminino, são considerados grupos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares.  Um estudo realizado pelo National Health and Nutrition Examination Survey mostrou que 22% da população norte-americana adulta é obesa, definida por índice de massa corpórea (IMC = peso/quadrado da altura) superior a 27,8 para homens e 27,3 para mulheres. A incidência de obesidade dobrou nos últimos 30 anos. Nos EUA, 15% a 25% das crianças e adolescentes são obesas. 

Nos últimos dez anos tem havido aumento de 50% nessas cifras. Na Inglaterra, a proporção de obesos duplicou entre 1980 e 1991. Se avaliarmos dados de prevalência de obesidade na América Latina, verificamos que, conforme ela aumenta, aumentam as mortes por doença cardiovascular e câncer. 

No Brasil, nas duas ultimas décadas, um estudo de Sichieri e col., utilizando IMC>30 para definir obesidade, encontrou 4,8% de obesidade em homens e 11,7% em mulheres brasileiras.
Têm se atribuído ao sedentarismo e à mudança de hábitos alimentares, com a introdução de alimentos hipercalóricos, ricos em lipídeos e carboidratos, nos cardápios diários, a causa básica da obesidade. É possível que a vontade de comer e de se exercitar seja determinada por genes específicos. A etiologia da obesidade é complexa e resulta da interação entre genes, ambiente e estilo de vida, mas lembremos que um ambiente com comida em grandes quantidades não implica, necessariamente, que se deva comer, aumentando assim, a ingestão calórica. 

Mas com tantos casos de obesidade relatados, enquadra-se o fator genético condicionado a "vontade de comer"? ou simplesmente isso pode ser condicionado a fatores ambientais? Por que algumas pessoas não conseguem ficar paradas, enquanto outras detestam atividades que impliquem movimento físico? Será que esse fato também pode ser explicado por genes?

A Tabela a seguir resume os principais fatores contribuintes ao desenvolvimento da obesidade:

A importância da genética fica latente quando verificamos que nossa vontade de comer e de se exercitar tem uma base genética e tende a manifestar-se seja qual for o ambiente em que vivemos, desde que tenhamos acesso ao alimento. Por outro lado, se convivemos com familiares que ingerem quantidades excessivas de alimento, poderemos incorporar este hábito, pela simples imitação e nos tornarmos obesos?

Estudos têm sido feitos com gêmeos quando separados (adotados por famílias diferentes, por exemplo). Stunkard e col. realizaram um estudo na Dinamarca, onde as crianças adotadas puderam ser comparadas com seus pais biológicos e com seus pais adotivos. Foram obtidas informações sobre 3.580 adotados, utilizando-se como critério o IMC e a população foi dividida em quatro classes, tomando-se toda a faixa de adiposidade. Houve uma relação clara entre a classe de peso dos adotados e a de seus pais biológicos, não havendo relação aparente entre as crianças adotadas e seus pais adotivos, sugerindo fortemente que influências genéticas são determinantes importantes da adiposidade e que as influências ambientais têm pouco ou nenhum efeito. É importante ressaltar que as influências genéticas observadas nesse estudo não são apenas confinadas ao grupo obeso, mas se estendem a toda a faixa de adiposidade, desde os muito magros até os muito gordos. 

Borjeson, na Suécia, estudando mais de 5.000 pares de gêmeos, destacou que os fatores genéticos desempenham um papel decisivo na origem da obesidade.
Ambos os estudos concluem que é altamente provável uma herança poligênica na determinação da obesidade. Dessa forma, o risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto que quando um dos genitores é obeso sobe a 50% e atinge 80% quando ambos são obesos.
No entanto, um aspecto que deve ser lembrado e é muito bem enfatizado é que o fato de termos forte influência genética na obesidade não indica que a mesma seja inevitável e todos os esforços devem ser postos em prática para tentarmos adequar o peso dessas crianças e realizarmos, assim, um importante trabalho preventivo.

Referências bibliográficas:
imagem retirada em:

Postado por: Caroline M. Lopes

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